Instituto José Maciel

Lembrando Dr. Sérgio Guedes da Costa

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LEMBRANDO DR. SÉRGIO GUEDES DA COSTA

Artigo do Professor: Carlos Ernani Rosado Soares

Em 26 de maio de 1990 o Rio Grande do Norte perdia uma das figuras mais ilustres do seu meio médico, com o falecimento do Dr. Sergio Guedes da Costa, aos 83 anos de idade. Nascido na cidade de Taipu-RN, formou se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1933, tendo sido seus colegas aqui do RN os Drs. Anderson Dutra, Antonio Mota, Elpidio Fernandes, Duarte Filho, Euclides Fernandes Gurjão e Silvino Lamartine.

Clinicou inicialmente em Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, e, após breve passagem por Pernambuco no combate a febre amarela, retornou a Natal, em 1941. Na terra capixaba teve fugaz incursão pela política, tendo sido vereador na cidade de Rio Pardo. A política jamais voltou a seduzi-lo, embora tivesse sido Delegado do antigo Partido Social Democrático, mais para atender seu primo Senador João Câmara. Sem exercer militância, era entretanto profundamente preocupado com a problemática social, ansiando pela justiça em favor dos menos favorecidos.

Atuou na Legião Brasileira de Assistência e no antigo IAPETC, e chegou a ocupar vários cargos inclusive o de Diretor Geral do Departamento de Saúde Publica. Na década de 40, atuou ainda como Tenente Medico do Exercito Brasileiro. Sempre teve seu consultório particular, muito solicitado, inicialmente na Ribeira, e posteriormente na Cidade Alta, e, nos seus últimos anos em sua própria residência.

Sergio Guedes era muito estudioso, mantinha-se sempre atualizado e compareceu a inúmeros cursos e congressos, tanto aqui como em Recife, Rio e São Paulo. Era um clinico de grande discernimento, e dominava bem a gastroenterologia, a infectologia e a cardiologia. Sem os recursos de que hoje dispomos, seus diagnósticos eram precisos e admirados ate por colegas de centros maiores. Foi reconhecido como Membro Honorário da Sociedade Brasileira de Biologia, em 1946. Indicado e aprovado para ser Professor Catedrático de Clinica Propedêutica Medica quando da fundação da Faculdade de Medicina de Natal, sua grande modéstia fê-lo desistir por não se achar qualificado para as funções, um evidente excesso de autocrítica.

Muito respeitado no seio da classe médica e na população, Sergio era um homem austero, mas muito ameno no trato. Tocava amadoristicamente o violão e o acordeom, e tinha no xadrez a sua grande paixão. Era um jogador acima da média, e participou de varias competições. Adorava jogar as chamadas “partidas relâmpago” onde a técnica exigia uma rapidez de raciocínio considerável, e nas quais ele era um craque consumado. Desaparecia ai o profissional sério e surgia o jogador espirituoso a brincar com o adversário e isso eu vi muitas vezes.

Os pais de Sergio Guedes eram viúvos e traziam filhos dos matrimônios anteriores, valendo dizer que ele tinha irmãos por parte de pai, de mãe, e de pai e mãe! Casou-se com sua prima Eliezer (Zizinha), que lhe sobrevive e teve os seguintes filhos: Sérgio, Gustavo (falecido em acidente), Ana Maria, Sílvio e Ricardo, este formado em Medicina aqui em Natal... Minha homenagem a um vulto singular de nossa Medicina que dignificou a profissão e a um cidadão honrado e integro.

 
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