|
É francisco Gaag, 69 anos, figura conhecida na cidade. Onde, entretanto, poucos sabem que ele foi quem dirigiu as obras de construção do grande monumento, hoje um dos sÃmbolos do Brasil.
Na sua casa, na avenida Nilo Peçanha, guarda um documentário completo da grande obra e é capaz de recordar de memória os principais lances da época da construção.
Francisco Gaag, chegou ao Brasil em 1920. Tinha vinte anos de idade e havia concluÃdo o segundo do curso de engenharia, quando recebeu um convite para vir trabalhar na construção da exposição comemorativa ao Primeiro Centenário da Independência.
No Rio, livou-se do fantasma da primeira grande guerra que havia dizimado sya famÃlia, quando, em 1927, o engenheiro Heitor da Silva Costa, o convidou para dirigir as obras de construção da imagem do Cristo Redentor.
À frente de 30 homens começou uma verdadeira epopéia. A mais de 700 metros de altitude, varridos permanentemente por ventos fortes, o trabalho era uma temeridade. Não houve nenhum acidente. "e olhe que trabalhávamos também à noite, para ganharmos mais meia diária. Meu salário era de 35 mil réis por dia".
AS LEMBRANÇAS
Usando camiseta e rodeado por inúmeras fotografias, documentando, as várias fases de
 |
Lembro também das dificuldades do trabalho na época do inverno, quando trabalhavam entre as nuvens e a roupa dupla que usavam era insuficiente para conter a umidade, ou mesmo a chegada do escultor francês, Landovski, que além do projeto, teve de esculpir as matrizes em gêsso, da cabeça (que abrigava vinte pessoas no seu interior) e as mãos (três metros de altura).
Com carinho, recorda a chegada da colegiais que levavam ladrilhos de "pedra-sabão", montados em papel, para o revestimento da estátua.
  |
- Era de noite e eu estava trabalhando no braço direito do cristo, quando vi o movimento embaixo. Não podia sair de onde estava por que existiam vários fios no meio do caminho. Vi o presidente e tentei descer de qualquer maneira. Quase cair, e quando cheguei junto de Getúlio, ele me deu uma tampinha e perguntou: então foi você o herói que colocou aquele holofote? Não disse nada. Falava português ainda pior do que falo hoje, mas não perdir uma palavra do que disse o presidente.
Em 1932 a obra - apesar de já inaugurada - foi paralizada (faltava o revestimento do pedestal), e veio para Pernambuco onde casou-se em 1937.
Chegou no Rio Grande do Norte em 1948 para trabalhar na construção da ponte sobre o rio Assú. Não saiu mais, nem pensa sair. Aqui estão seus quatro filhos, e, no seu pequeno mundo, todas as suas recordações.
Â
< Anterior | Próximo > |
---|