Instituto José Maciel

Um documento, um autor

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Um documento, um autor


Cipriano José Barata de Almeida (Dr. Barata)

                         No alto do manuscrito dissertação abreviada sobre a horrível masmorra chamada presiganga existente no Rio de Janeiro – que se encontra sob o numero 12 da lata 48, no valioso arquivo do instituto histórico e geográfico brasileiro(IHGB), no Rio de Janeiro – está registrado que foi que foi doado á instituição pelo escritor Joaquim Manoel de Macedo (1820-1882), não esclarecendo, no entanto, a data da doação nem as circunstancias em que chegou as mãos do autor de A moreninha. Menos ainda se foi ele quem o identificou, e sob que bases, como escrito por Cipriano José de Almeida.Mas no terceiro volume de O ano biográfico Brasileiro, que Manuel de Macedo publicou em 1876, ele informa que o mais famoso preso político do primeiro império “escreveu e deixou em manuscrito circunstanciada memória”do horror que era uma presiganga. Talvez não seja temerário supor que se referia ao documento que ele mesmo doou ao IHGB.
                         Um trecho em especial revela o mundo característico da redação de Cipriano Barata, carregado de frases dramáticas “e será possível que uma alma sensível possa tranquilamente referir tais horrores? Eu tremo, onipotente Deus! Segurai meu coração! Infundi-lhe forca para apresentar ao respeitável publico aquilo que apenas parece crível entre os humanos, e ainda mais entre os brasileiros,povos afamados por brandos,compassivos e caridosos.”
                         O historiador Marco Morel que permanece a maior autoridade sobre Cipriano Barata (ver p.72),aceita a autoria avaliando-a pelo estilo do grande jornalista. É fato que na data citada no manuscrito Cipriano Barata estava preso político em 4 de dezembro de 1823,depois de ter sido seqüestrado no Recife, num conluio da instável junta governativa de Pernambuco – presidida pelo futuro marques de Recife Francisco Pais Barreto- com os militares portugueses coronel Aleixo José de Oliveira e capitão Francisco José Martins. Até agosto de 1830, quando foi liberado por decisão judiciária e saiu da fortaleza da laje para curto período de liberdade ele percorreu varias fortalezas. Não se conhece porém, qualquer referência de prisão sua em presiganga no período de 1823 a 1830, o que não nega as muitas possibilidades de ter escutado notícias e descrições de outros prisioneiros.

Escrito por Luiz Henrique Dias Tavares Universidade Federal da Bahia.

 
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