Instituto José Maciel

O fundador do Sítio Apertado

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O fundador do Sítio Apertado

                         Miguel Rodrigues Viana faleceu em Natal, na noite de 28.01.1873. Antonio Rodrigues Viana e Felinto Elísio de Oliveira Azevedo, sobrinho e cunhado de Miguel, respectivamente, assistiram-lhe a agonia. Não existe, no cemitério do Alecrim, sinal do seu tumulo. Nem registro impresso dos seus trabalhos. Não fosse a memória privilegiada de Felinto Elísio, dificílimo seria reconstruir o passado de um dos homens mais interessante, operoso e inventivo que o Rio Grande do Norte possuiu.
                         Depois de Mergson, já se pode dizer que a intuição é uma das forças aquisitivas da inteligência. Miguel Viana sem estudos, sem cursos, sem viagens, com os horizontes limitados e pequenina Província, resolveu, sozinho, problemas mecânicos, de arquitetura, de hidráulica. Construiu o que desejou construir, modificando, aperfeiçoando, melhorando tudo quanto lhe passava pelas mãos ágeis. Para a região do Seridó, seu nome está enrolado em lendas deformando a veracidade de uma fisionomia real, humana e justa. É positiva a forte impressão causada pela sua imaginária energia.
                         Fundou o sitio “Apertados” tarefa que se tornou famosa. Num terreno bruto Miguel Viana abriu o açude, com amplo sangradouro, de pedra e cal, assentando porta d’água, abertura em pedra mármore, canalizando as águas para o engenho com roda a água, em cedro, vindo de longe custosamente, desde a serra do Teixeira, com eixo de ferro, monumentais. A casa grande, erguida com imensas tesouras, de madeira de-lei, confortável, abrigadora, senhorial, encantava a todos os olhos. Iniciara a construção de um moinho para cereais movido pelas águas que empurravam a roda mestra do engenho. Queria provar, que AGUAS PASSADAS MOVEM ENGENHO. Em jardim do Seridó construiu á casa de morada, com mirante, janelas, envidraçadas, jardim com gradil de ferro, ladeado, o portão, por dois leões de folhas de cobre. Esse Jardim, pelas variedades das flores e beleza do conjunto, é apontado como tendo dado nome a atual cidade do Seridó substituindo a antiga denominação de Conceição do Azevedo. Era para a época a mais linda casa em tinta leguassderredor, em 1862 ou 1864.
                         Creio ter sido o comprador piano daquela zona inteira. O instrumento foi trazido suspenso, em vidas de ferro, com vários comboeiros, como raridade, Miguel Viana afinou-o, constituía uma das supremas atrações artísticas.

Escrito por Câmara Cascudo

 
 Natal/RN - Brasil,