Instituto José Maciel

Nair Mesquita, uma saudade.

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Nair Mesquita, uma saudade.

                    Hoje peço licença para passar com a minha saudade. Dia 08 de abril completará dois anos do falecimento de Nair de Andrade Mesquita. Um ser simples que amava as flores e os humildes de sua cidade. Todos da família estão confortados pelas presenças de tantos que privaram de sua amizade. E temos agradecido a Deus, de forma repetida, a graça especial de haver permitido a sua presença entre nós por muito tempo. Jamais esqueceremos, naquelas horas difíceis a expressão de tristeza estampada na fisionomia dos amigos de perto e da distância.
                    Quando não sou mais emoção, mas somente saudade, resolvi escrever para agradecer a solidariedade dos amigos que ainda relembram seu vulto, em nome de Nídia e todos os familiares.
                    Recordo a semana de ansiedade que antecedeu a sua partida. Os últimos quinze dias de sua hospitalização foram de incertezas. Fui a Macaíba resolver problemas da administração da sua casa da rua da Cruz. Ao chegar ao portão senti uma emoção estranha e compulsiva ao contemplar o jardim. Parecia que as flores perguntavam por ela. Não me contive. As rosas me observavam interrogativas. O silêncio da casa era perturbador. Ela estava ausente. A cadeira vazia onde permanentemente ficava doía em mim. À mesa de refeições onde brindava comigo, parecia suspensa no ar pela força das conversas antigas. Ouvi os ecos das antigas canções povoando a casa nos momentos de sua inocente alegria de anciã. Tudo parecia pedir a sua volta como flor mais antiga e bela do jardim da casa grande. Raquel com as minhas lágrimas todo aquele desfile de imagens e emoções. A sua presença continua na casa onde residiu por quase toda a vida. O seu quarto exalava ainda o cheiro da colônia do ultimo banho. Saí às pressas para não sofrer mais.
                    No hospital o seu estado permanecia inalterado. Já não falava nem distinguia os presentes. Seus olhinhos miúdos fecharam-se. Só o coração resistia às falhas descontínuas dos rins e do pulmão. Daí, na manhã do dia 08 de abril de 2004, às 11h20, estávamos no apartamento, Nídia e eu, quando assistimos ao seu desfalecimento.
                    Posso dizer que ela foi uma unanimidade em Macaíba, apesar de ter sido esposa e mãe de político. Conviveu com as turbulências das campanhas sem nunca construir inimizades. Cumprimentava a todos e nunca recebeu a reprovação de ninguém. A sua ausência sempre será lembrada porque a saudade é o único legado da morte. Nossa homenagem no seu segundo aniversário do seu encantamento.

Escrito por: Valério Mesquita.
Publicado na Tribuna do Norte.

 
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