Instituto José Maciel

Amizade, tradução e penicilina

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Amizade, tradução e penicilina

               Quando os americanos se instalaram na Base Aérea de Parnamirim, José Palatnik começou a ser procurado por vários oficiais e soldados dos Estados Unidos. O comerciante recebia os militares em sua residência, oferecia jantares, fins de semana e realizava festas religiosas. Fez amizade com o comandante da Base, General Walsh e o cape-lao, o o rabino Shaftei Baum.
               Pouco depois, Aldo Fernandes e autoridades militares norte-americanas procuraram o comerciante porque havia uma colônia alemã em Natal e eles queriam verificar a correspondência vinda da Alemanha. O receio era de que estivessem sendo feitas atividades de espionagem. José, como pessoa de confiança para as autoridades dos EUA e do Brasil, era maçon e do Rotary, leu e analisou varias cartas.
               Nesse tempo vários navios brasileiros haviam sido torpedeados. Os diziam que haviam submarinos alemães em Pirangi. Ao fim da 2° Guerra Mundial, José foi agraciado com um certificado de honra ao mérito. Foi único judeu brasileiro a receber a homenagem. Os governos brasileiro e norte-americano realizaram uma cerimônia em reconhecimento aos serviços prestados pelo imigrante judeu russo.
               Penicilina – Por volta de 1944 surge a penicilina, antibiótico que ainda hoje combate moléstia causada por bactérias. O remédio tinha reduzida produção e o governo americano deu prioridade as forças armadas. Um dos amigos de Palatnik estava precisando do remédio. Através do amigo Baum, solicitou que uma pequena quantidade do produto fosse enviada para Natal.
               O produto foi remetido do Rio de Janeiro. Foram as primeiras doses de penecilina que apareceram em Natal. O amigo foi salvo. Outro momento de emoção aconteceu em 9 de maio de 1945. O rabino Baum escreveu ser aquele um dia de festa para os judeus de Natal. “Hitler já não vive mais”. A nota levava a assinatura de mais cinco judeus que moravam em Natal: Moisés Ferman, Kalmen Roiz, Fishel Mandel. Saul Schor e José Palatnik.
               Em um livro, escrito em hebraico, lançado em Israel em 1970, Tobias Palatnik relata toda a trajetória de sua família. O trabalho intitula-se “Os Caminhos das Andanças” e recebeu elogios do diário Maariv, o maior do Estado Judeu. Natal merece destaque no relato por ter propiciado a manutenção da integridade da família em sua emigração da Rússia.

Menhana canta no estudio de Parnamirim acompanhada ao piano pela prima Riva Blatman.

Comunidade Judáica promovia reuniões com música para americanos em Parnamirim, 1943.

Comitiva visita navio inglês em 1939. A partir da esquerda: Oficial de Gabinete Federal, José Palatinyk, Cicero Aranha e Aldo Fernandes.

Família Paltinik recebe o Rabino Baum em sua casa. Presentes: José, Sonia, Menhana e Moysés.

Turma de 1930, do Jardim de infância "Gan", idealizado pelos irmãos Palatinik. A professora Sara Branitzak foi "importada da Palestina". Na fila acima. O último a direita é Moyses e embaixo comendo maçã, Menhana.

Publicado no Jornal O Poti na edição de 23 de Julho de 1995.

 
 Natal/RN - Brasil,