Instituto José Maciel

Maternidade Escola Januário Cicco

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Fundada em 18 de março de 1928 e só inaugurada em 12 de fevereiro de 1950, a Maternidade hoje é referencia em alta complexidade para o Rio Grande do Norte.

Sonho do médico Januário Cicco, a Maternidade Escola foi planejada desde quando foi reformada a antiga casa de veraneio do Governador Alberto Maranhão, no alto do monte de Petrópolis, de onde se descortinava o mar, para se transformar no Hospital de Caridade em 1909.

No Hospital foi criada uma enfermaria para Obstetrícia sob os cuidados do Dr. Januário Cicco, por sinal único profissional da Medicina a clinicar no Hospital até 1917.

 

Em 18 de março de 1928, numa solenidade no Theatro Carlos Gomes, depois Teatro Alberto Maranhão, foi fundada a Maternidade de Natal, para ser construída num terreno doado pela Prefeitura de Natal, na administração Omar O’Grady, também no monte de Petrópolis.

 

As obras, entretanto, somente começaram em 14 de janeiro de 1932, mas em dezembro desse ano, a Maternidade já se mostrava imponente, com suas paredes levantadas, destacando-se da vegetação nativa.

Os recursos para a construção, o Dr. Januário Cicco conseguia com a rede de pacientes particulares do Hospital, festividades, rifas, quermesses e até passeios de avião, uma colaboração pessoal do comandante Djalma Petit.

Mesmo assim, as obras seguiram em ritmo lento por mais de 8 anos, quando em 1941, terminada, foi requisitada no esforço de guerra para sediar um hospital militar e o Quartel General das Forças Armadas. Era a Segunda Guerra Mundial.

O Governo Federal se dispôs a pagar um aluguel mensal e restituir o imóvel logo que fosse construído em definitivo o Quartel dos campos do Tirol com um Hospital militar, seguindo a arquitetura americana.

Em 1947, o Hospital da Guarnição ficou pronto e a Maternidade devolvida à Sociedade de Assistência Hospitalar, uma ONG criada pelo médico Januário Cicco para administrar a estrutura hospitalar criada por ele.

Inauguração

Depois de muita luta para conseguir indenização para recuperar os desgastes físicos da Maternidade de Natal, finalmente o Dr. Januário Cicco viu consolidado seu sonho, inaugurando em 12 de fevereiro de 1950, a Maternidade que ele chamou de “Palácio da mãe pobre”.

Na festa de inauguração, presentes o Governador José Varela, o bispo de Natal Dom Marcolino Dantas, o historiador Luis da Câmara Cascudo, entre tantas outras, além de pessoas da Sociedade, foi criado um movimento para mudança do nome da instituição para Maternidade Januário Cicco, uma justa homenagem ao seu idealizador e criador.

O médico Januário Cicco que nascera em São José de Mipibu em 30 de abril de 1881, formara-se na faculdade de Medicina da Bahia em 1906 defendendo a tese “Do destino dos cadáveres”, sobreviveu muito pouco à sua principal obra para a atenção à saúde da população do Rio grande do Norte e num fim de tarde do dia 1º de novembro de 1952, faleceu de um infarto agudo em sua residência na Rua Duque de Caxias na Ribeira na presença dos médicos Onofre Lopes e Heriberto Bezerra e do Governador Silvio Pedroza.

Ao Dr. Onofre Lopes, pediu que assumisse o comando da estrutura hospitalar que deixava e transformasse em realidade seus sonhos de instalar uma Faculdade de Medicina e uma Universidade. “Não deixe que a obra que construí se acabe” pediu.

Ao Governador Silvio Pedroza, alegando que o fizera nascer como obstetra, pediu que legalizasse a situação do Hospital, na época denominado Miguel Couto, doando-o para a Sociedade de Assistência Hospitalar.

Continuação da obra

Em 7 de novembro, na missa de sétimo dia, celebrada na capela da Maternidade Januário Cicco, o Governador sancionou a Lei que cumpria sua promessa no leito de morte do seu amigo.

O Dr. Onofre Lopes assumiu a direção da Sociedade e cumulativamente, como o Dr. Januário Cicco, a direção do Hospital e da Maternidade, mas dois meses depois nomeava para a direção da Maternidade o médico João Tinoco que foi substituído 4 anos depois pelo Dr. Joaquim Luz Cunha e a partir de 1961 e por 28 anos, a Maternidade foi dirigida pelo Prof. Leide Morais que instalou a cátedra de Clinica Obstétrica para a primeira turma da Faculdade de Medicina de Natal, criada em 29 de janeiro de 1955.

Com a aposentadoria do prof. Leide Morais em 1989, a Maternidade foi dirigida consecutivamente pelos professores Ivis Bezerra, Ivan Lins, Iaperi Araújo, Maria do Carmo Lopes de Melo e Kleber Morais.

Hoje é referencia em alta complexidade para o Rio Grande do Norte, com UTI Neonatal, Banco de Leite, UTI adulto em vias de começar a funcionar, com vários programas como assistência à mulher vitima de violência sexual, planejamento familiar, prevenção do câncer da mama e do colo uterino, mãe canguru e uma série de atividades que visam a promoção da saúde, a diminuição dos riscos maternos e a a saúde da mulher como um todo.

Autor: Iaperi Araújo
Professor Universitário, Chefe do Departamento de Toco Ginecologia e Ex-diretor da MEJC.
 
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