Seu Almeida, ao lado do Filho, Renê Ferreira, que sucede na profissão
Pouca gente sabe, mas existe dois tipos de celas que são usadas como montaria de cavalos: a "Suzana" e a "Cachoeirinha". Ambas são confeccionadas artesanalmente. A primeira, está praticamente sem procura por que são feitas para passeio.
A segunda, desde o advento das vaquejadas no Nordeste, está sendo mais requisitada. Quem dá essa explicação é o senhor José Almeida Ferreira da Silva, de 87 anos, que se destacou neste ramo em MacaÃba ao longo dos anos. É considerado um dos últimos artesãos da cidade. Além dele, outras pessoas também atuavam neste ramo: Sebastião Caetano, Manoel Fernando e seu filho, Chico Fernando.
"Seu" Almeida acrescenta que as celas "Suzana" duram cerca de 20 anos, enquanto que as "Cachoeirinha" só resistem pouco mais de 3 meses.
"Eu não faço mais a 'Suzana' por que ninguém encomenda. Mas é a melhor, pois é feita de João Mole, Jurema Preta e Azeitona. Tem delas que já durou 30 anos. As de hoje ('Cachoeirinha') não duram 05 meses. São feitas de tábua", falou.
TABELA - No que se refere ao preço das duas celas, a "Suzana" pode ser encomendada a R$ 150,00 ou R$ 200,00; enquanto que a "Cachoeirinha", varia de R$ 80,00 a R$ 150,00. "Seu" Almeida revela que para confeccionar uma cela "Suzana", consome cerca de cinco dias. "Dá um trabalho danado", diz.
Para isso é preciso o seguinte material: madeira, couro, prego, linha, sola e brocha. "Quando eu tinha 5 operários, fazia 6 celas por semana. Ano passado, só fiz uma".
A notoriedade das celas de "Seu" Almeida alcançou vários lugares. Ele afirma que já vieram pessoas de Canindé/CE, Fortaleza e São Paulo à procura do seu artesanato.
Nascido em maio de 1913, em Tacima/PB, "Seu" Almeida disse que começou a confeccionar celas em 1933. Aprendeu a arte com o delegado da localidade, José Justino, que fabricava celas para vender.
"Eu tinha uns tios que ajeitava celas, e trabalhava fazendo bainha de faca de ferreiro", lembra "Seu" Almeida. "Meu sogro perguntou se eu não me atrevia a fazer celas de montaria, pois o delegado estava precisando de ajuda".
Após 2 anos, "Seu" Almeida diz que iniciou na profissão por conta própria. Em 1954, chegou a MacaÃba. Na época, lembra, na rua Major Antonio Delmiro (rua da usina Nóbrega & Dantas) só existia a sua casa, 296, e outras poucas. Casou-se em primeiras núpcias com Neuza Pessoa Ferreira, falecida em 1955.
Anos depois, casou-se em segunda núpcias com Maria Dite da Costa. Da união desses dois casamentos, nasceram 22 filhos.
"Seu Almeida, anos atrás, contava com o auxÃlio dos filhos para fabricar as celas encomendadas. Reneê Ferreira da Silva, 36 anos, é o único dos filhos que continua na profissão. Ele remonta e concerta celas "Cachoeirinha".
Um outro filho, Rafael, é dono de uma capotaria, fazendo a cobertura de bancos de automóveis. "Seu" Almeida também é pai de Antonio de Almeida, conhecido comerciante da rua da Usina; Ferreira, engenheiro e professor de FÃsica; e Roberto, ex-funcionário da Cosern.
< Anterior | Próximo > |
---|