Hoje é o centenário de nascimento do meu pai, Alinio Cunha de Azevedo. Nascido em 21.01.1919 e falecido em 02.02.2003, era natural de Jardim do Seridó (RN), filho de Antônio Antídio de Azevedo e Alice Cunha de Azevedo. Seu pai foi tabelião público, poeta e trovador, membro da Academia Norteriograndense de Letras, assim como seu sogro, o professor e advogado Francisco Ivo Cavalcanti. Sua mãe Alice, católica praticamente, membro de tradicional família seridoense, filha do coronel Felinto Elysio de Oliveira Azevedo, deputado provincial na Monarquia por dois mandatos e deputado estadual na República por sete mandatos, havido sido presidente da Assembleia Legislativa do Estado e nessa condição, por duas vezes, exerceu na interinidade o Governo do Estado do RN. Era irmão de Max Cunha de Azevedo, professor universitário aposentado e Ednah Cunha de Azevedo, alta funcionária do INPS, já falecida.
Foi casado com Hélia Cavalcanti de Azevedo (1925-20170), falecida aos 92 anos de idade, e teve três filhos, Flávio José Cavalcanti de Azevedo, casado com Maria Lucia Andrade de Azevedo; Maria Alice Azevedo de Sá Leitão casada com Mario Roberto Medeiros de Sá Leitão, e Haroldo Cavalcanti de Azevedo casado com Ana Lucia Motta de Azevedo, além dos netos Claudine, Silvane, Candice, Helaine, Alinio Neto, Haroldo Filho, Ana Flavia, Sergio Henrique e Luciana e os bisnetos Gustavo, Luis Eduardo, Victor, Ana Beatriz, Maria Isabel, Bianca, George, Luis Henrique, Sophia, Lara, Carolina e Alice.
Meu pai era uma pessoa extraordinária. Sua vida foi dedicada à família e à sociedade. Alinio Cunha de Azevedo foi um exemplo de honestidade, cortesia constante, bom humor e descrição notável. Tinha um sorriso gentil e modos de diplomata. Deixou uma lacuna imensa na sociedade e uma saudade enorme na sua família e amigos. Homem de uma visão fantástica, uma das suas marcas foi o seu empreendedorismo. Foi fundador, sócio e presidente do Conselho de todas as empresas hoje pertencentes aos seus filhos. Empresário e agropecuarista, foi tabelião do 4º Ofício de Notas de Natal por mais de 40 anos, sucedendo ao seu pai Antídio de Azevedo.
Homem bondoso, ameno, educado, gentil, amigo, cordato foi dele que recebi as maiores lições de vida, de correção e de seriedade. Tinha um senso de justiça raro e era um verdadeiro gentlemen. Foi elegante até seu último minuto. Nunca pronunciou na sua doença final as palavras dor ou morte. Da minha mãe, Helia Cavalcanti de Azevedo herdei toda minha organização e do meu pai a disciplina e seriedade. Com poucas palavras ou mesmo um simples olhar, ele colocava tudo nos seus devidos lugares. Jamais permitia a discórdia. Fazia tudo pela união.
Amava sua terra natal, Jardim do Seridó. Apaixonado pela agropecuária, seu hobby era a “Fazenda Sombrio”, onde nasceu, e onde passava a metade da semana cuidado do gado e em contato com o campo, gosto herdado do seu avô o Coronel Felinto Elysio, um dos mais importantes patriarcas e líderes políticos do Seridó. Desportista quando jovem, teve atuação destacada principalmente no remo e no futebol, como remador do Centro Náutico Potengí e jogador do Santa Cruz Futebol Clube. Foi um dos fundadores da Flotilha de Snips do Iate Clube do Natal e membro do Conselho do Pâmpano Esporte Clube. Um dos entusiastas da Anorc, pertenceu ao Rotary Club, foi um dos pioneiros do radioamadorismo potiguar, sendo ex-presidente da LABRE/RN e um dos líderes da Maçonaria no RN. Nunca o vi criticar quem quer que seja. Quando não gostava de algo ou de alguém, simplesmente calava e ignorava. Ajudava a todos que o procuravam. Bastava saber que um amigo se encontrava em dificuldades, para se oferecer e tentar ajudar. Nada cobrava dos amigos ou de quem não podia pagar no seu Quarto Ofício de Notas, na Ribeira. Foi no seu Cartório que tive uma das melhores escolas de vida, onde aprendi a redigir, copiando ou transcrevendo nos pesados livros de outrora, procurações e escrituras públicas de compra e venda.
Uma das coisas mais acertadas que fiz na vida foi batizar um dos meus filhos com o seu nome. Tenho certeza de que Alinio Cunha de Azevedo Neto honra o nome que recebeu ao ser batizado, sendo hoje cidadão norte-americano e COO do Little Nell Hotel Group, integrante do segundo maior grupo de hotéis e resort de esqui dos USA. Para mim, sempre tive em conta “Deus no Céu e meu Pai na Terra”. Ainda não me acostumei com a sua ausência, mesmo decorridos 16 anos da sua partida. Sinto muito a sua falta ainda hoje.
Presto uma homenagem ao meu querido pai todos os dias na programação musical da Rádio Cidade, a 94FM de Natal, empresa da qual também foi fundador. Toca diariamente na programação musical da emissora, duas musicas que me trazem sua memória: “Pai” e “Meu querido, meu velho, meu amigo”, interpretadas pelos cantores Fábio Junior e Roberto Carlos. Serei um homem realizado se conseguir ser para os meus filhos, a metade do que meu pai representa para todos nós! Ele foi e sempre será o nosso maior orgulho, um verdadeiro ídolo. Deixou-nos exemplos de uma força de vontade de fazer e de querer realizar, atributos dos grandes homens. Acredito que nosso querido e saudoso pai continua entre nós. Nos momentos importantes, principalmente os mais difíceis e de dúvida, fico horas sentado num banco de madeira e embaixo de uma frondosa árvore junto ao seu túmulo no Cemitério de Emaús, orando e pedindo seus conselhos. Ao sair do Cemitério, sigo o que o meu coração está a indicar. Tenho plena convicção de que ele continua a nos orientar e seguir nossos passos.
HAROLDO AZEVEDO | agorarn.com.br | 21.01.2019
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