Morte de "seu" Romao, deixa Macaiba mais pobre

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Com o falecimento de “seu” Romão Bezerra de Azevedo, ocorrido na madrugada de domingo, dia 31 de julho, Macaíba perde uma de suas últimas memórias-vivas. Tanto é assim, que, segundo seu neto, secretário municipal de Cultura, Marcelo Augusto, ele vinha se sentindo sozinho, pois praticamente era o último de sua geração na secular Pisa-na-Fulô. Estava viúvo de dona Enedina Augusta de Albuquerque há poucos anos.

Romão estava com 97 anos de idade incompletos e sua morte ocorreu em decorrência de problemas cardíacos. O enterro seria realizado no final da tarde do mesmo dia do seu falecimento, mas fora adiado devido seu único filho vivo, Romeu Bezerra, não ter conseguido uma conexão aérea para chegar a tempo de ver o corpo do seu pai antes de ser sepultado. Ele reside há vários anos em Santa Catarina.

Filho de Pedro Bezerra de Azevedo e Ana Bezerra de Azevedo, “seu” Romão nasceu no dia 15 de novembro de 1914, na Fazena Rosário, em Santana do Matos. Certa vez revelou que, por conta de ter nascido nesta data histórica, por pouco não foi batizado com o nome de Deodoro da Fonseca. É que sua mãe tinha que cumprir uma promessa religiosa e batizar seus três filhos com o nome do padre Cícero Romão Batista. E, assim, foram batizados os irmãos: Cícero, Romão e Batista. O primeiro e o último também já são falecidos.
“Seu” Romão residia em Macaíba há mais de 80 anos. Chegara à terra de Augusto Severo quando tinha 14 anos, nos idos de 1928, para trabalhar numa sapataria do seu cunhado, Manoel Rodrigues de Oliveira. “Na época, era a única que tinha vidraças”, lembrou, certa vez.

Também gerenciou a loja do ex-prefeito Luiz Cúrcio Marinho por 90 dias, quando este teve que viajar para Garanhus/PE, para tratar de problemas de saúde, em meados dos anos de 1940.

Nos principais eventos sociais da cidade, sempre foi presença marcante. Como exemplo, foi um dos fundadores do Cruzeiro Futebol Clube, em 8 de outubro de 1937, ao lado de Nestor Lima, Gustavo Lima, Aguinaldo Ferreira da Silva, Manoel Samuel de Araújo, Antônio Lucas de Lima, Francisco Falcão Freire, Vicente Inácio, Luiz Inácio, Sebastião Rangel, Luiz e Vivaldo Cassimiro de Araújo.

Além disso, Romão Bezerra também foi juiz de paz e tesoureiro do Sindicato do Comércio Varejista, nos anos de 1940; presidente de mesa das eleições históricas de Macaíba, por quatro vezes; sócio fundador do Pax Clube, do Tiro de Guerra n.º 315 e fundador do Rinhadeiro de Macaíba, na década de 1950.

“Tenho uma ficha de serviços prestados a Macaíba, que poucos filhos dela têm”, disse “seu” Romão, em entrevista para o extinto jornal O Grande Natal, de 5 de dezembro de 1999.

Após dois anos de namoro, em 4 de fevereiro de 1940, casou-se com a professora Enedina Augusta de Albuquerque. Da união amorosa, nasceram os filhos: Dilma, Dilson, Edilson e Romeu. O terceiro filho, Edilson, falecido em 1995, vítima de atropelamento em frente à sua casa, na Rua Dona Emília, foi homenageado pelo então prefeito Luiz Gonzaga Soares, em 25 de setembro de 1998, que denominou o ginásio poliesportivo de Macaíba de “Edilson de Albuquerque Bezerra”, por este ter sido um jogador de futebol de destaque da sua geração.

Seu filho caçula, Romeu, foi candidato a prefeito pelo PT, em 1988, e demarcou espaço na política local, sendo também um dos idealizadores do informativo satírico Folhetim (1983-1989).

Romão dedicou mais de 40 anos de sua vida ao comércio de cereais e ração animal. Embora tivesse relutado em não aceitar o reconhecimento por seus serviços prestados à cidade, através de um Título de Cidadão Macaibense, a honraria só lhe foi outorgada em 2002, através de proposição do então vereador João Marques Lino da Silva.

Aposentado há vários anos, “seu” Romão gostava da vida no campo, embora residisse no centro de Macaíba. “Ele gostava de lidar com gado”, disse Marcelo Augusto.

No enterro de Romão Bezerra, estiveram presentes: a prefeita Marília Pereira Dias, vereador Francisco Maia, ex-vereador Chico Cobra, jornalista Osair Vasconcelos, familiares e amigos. Ele deixou um filho, quatro netos e nove bisnetos.

Redação: Rômulo Estânrley
Foto: Marcelo Augusto (Acervo)