O pretexto para o AI-5

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Discurso de Marcio Moreira Alves irritou militares

No dia 2 de setembro de 1968,  0 jovem deputado federal  Marcio Moreira Alves, do MDH carioca, em pronunciamento no chamado "pinga-fogo" da Câmara Federal, presenciado por poucos deputados, protestou contra a recente invasão da Universidade de Brasília por tropas militares. Sugeriu um boicote as festividades de Sete de Setembro e que as garotas brasileiras não namorassem oficiais do Exercito. Foi a senha para que o governo militar tentasse processá-lo. O congresso deveria autorizar o processo, mas num dos grandes momentos do Parlamento brasileiro, em 11 de dezembro daquele ano, recusou O pedido do Executivo. Dois dias depois a ditadura fechou o Congresso e editou o Ato lnstitucional numero 5, podando as poucas Iiberdades políticas que ainda existiam. Moreira Alves fez parte da primeira leva de 11 parlamentares casados. "Ele era urn bom jornalista e um mau político, porque falava o que pensava. Não conseguia dizer o que não pensava", afirmou Pedro Afonso Moreira Alves, de 49 anos, filho do jornalista, a o Globo. Moreira Alves começou no jornalismo aos 17 anos, no Correio da Manhã. Em 1964 apoiou o golpe de estado que derrubou o governo de João Goulart, mas rompeu com os militares depois da ediçao do AI -1. Depois da cassação foi para o Chile, onde viveu ate 1971, e depois para a França e Portugal. Voltou ao Brasil em 1979, com a Lei da Anistia. Seu ultimo trabalho foi como colunista do jornal 0 Globo. Tinha 72 anos. Morreu no dia 3, de causas não reveladas, no Rio de Janeiro.