Sao Paulo VI e Santo Oscar Romero

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Dom Jaime Vieira Rocha
Arcebispo de Natal

Queridos irmãos e irmãs!    Neste domingo, 14 de outubro, durante a XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que acontece desde o dia 3 até o dia 28, o Papa Francisco celebrará a Canonização dos Beatos Paulo VI e Oscar Romero, duas testemunhas da fé do século XX, e luminares dessa mesma fé para o século XXI. O Beato Paulo VI, Papa, nasceu em Concesio, província de Brescia, na Itália, no dia 26 de setembro de 1897. Em 21 de junho de 1963 foi eleito Sumo Pontífice e governou a Igreja até o dia 6 de agosto de 1978, data de sua morte. O Beato Oscar Romero, Arcebispo de San Salvador, em El Salvador, na América Central, nasceu no dia 15 de agosto de 1917, em Ciudad Barrios. Em 25 de junho de 1970 foi nomeado bispo auxiliar de San Salvador e em 1974 transferido para a diocese de Santiago de María. Em 3 de fevereiro de 1977 foi nomeado Arcebispo de San Salvador. Em 24 de março de 1980 foi assassinado quando celebrava a Eucaristia.

Duas testemunhas da fé. São Paulo VI tornou-se Papa, sucedendo a São João XXIII, falecido em 3 de junho de 1963, durante o Concílio Vaticano II. Inaugurado em 11 de outubro de 1962 por São João XXIII, o Concílio trouxe para a Igreja Católica a renovação tão desejada e necessária para que continuasse sua missão de anunciadora da Palavra de Deus, luz e não trevas, esperança de salvação e não de condenação. Afirmou o Papa Bom (São João XXIII), na abertura do Concílio: “A Igreja sempre se opôs a estes erros; muitas vezes até os condenou com a maior severidade. Agora, porém, a esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia do que o da severidade… [a Igreja] não oferece aos homens de hoje riquezas caducas, não promete uma felicidade só terrena; mas comunica-lhes os bens da graça divina, que, elevando os homens à dignidade de filhos de Deus, são defesa poderosíssima e ajuda para uma vida mais humana; abre a fonte da sua doutrina vivificante, que permite aos homens, iluminados pela luz de Cristo, compreender bem aquilo que eles são na realidade; a sua excelsa dignidade e o seu fim; e mais, por meio dos seus filhos, estende a toda parte a plenitude da caridade cristã, que é o melhor auxílio para eliminar as sementes da discórdia; e nada é mais eficaz para fomentar a concórdia, a paz justa e a união fraterna”. O Papa Paulo VI, ao assumir o Pontificado, expressou a sua decisão de continuar com o Concílio: “Retomaremos, como já anunciamos, a celebração do Concílio Ecumênico; e pedimos a Deus que este grande acontecimento confirme na Igreja a fé, refresque as suas energias morais, revigore e adapte às necessidades dos tempos as formas, e assim a apresente aos irmãos cristãos, separados da sua perfeita unidade, para render-lhe atraente, fácil e gozosa a sincera recomposição, na verdade e na caridade, ao corpo mistico da única Igreja Católica” (PAULO VI. Homilia da Missa de Coroação. Vaticano, 30 de junho de 1963).

Santo Oscar Romero ou São Romero da América, um bispo mártir, defensor dos pobres e sofredores de El Salvador, testemunha da vivência da missão de pregar a justiça que vem do Reino. Na homilia da Missa de exéquias do Pe. Rutilio Grande, seu grande amigo, Dom Oscar Romero apresenta o sentido de sua luta contra a injustiça: “A libertação que o Padre Grande pregava, é inspirada pela fé, uma fé que nos fala de uma vida eterna, uma fé que agora ele, com seu rosto levantado para o céu, acompanhado de dois campesinos, a oferece em sua totalidade, em sua perfeição: a libertação que termina na felicidade em Deus; a libertação que arranca do arrependimento do pecado, a libertação que apoia em Cristo, a única força salvadora; esta, é a libertação que Rutilio Grande pregou, e por isso viveu a mensagem da Igreja. Ela nos dá homens libertadores com uma inspiração de fé, e junto a esta inspiração de fé. Em segundo lugar, homens que põem na base de sua prudência e de sua existência, uma doutrina: a Doutrina Social da Igreja; a Doutrina social da Igreja que diz aos homens que a religião cristã não tem um sentido somente horizontal, espiritualista, esquecendo-se da miséria que o rodeia. É um olhar voltado para Deus, e desde Deus, olhar o próximo como irmão e sentir que ‘tudo o que fizestes a um destes a mim o fizestes’” (OSCAR ROMERO. Homilia do dia 14 de março de 1977).

Peçamos a intercessão destes dois grandes exemplos de fé e de amor à humanidade e à Igreja. São Paulo VI e Santo Oscar Romero, rogai por nós!

 

FONTE: Tribuna do Norte