Junqueira Ayres

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Contemporâneo de Pedro Velho no Colégio Abilio tornando- se amigos com o passar do tempo e também correligionários politicos. No Partido Republicano, da sua época, era ele o mais expressivo Tribuno. Na Câmara dos Deputados muito lutou pela prosperidade do Rio Grande do Norte.

Considerado por Câmara Cascudo o Orador “Prodigioso, inesgotável, original", adiantando que bradava quatro horas sem beber uma gota d'água, sem pigarrear ou mudar o timbre de voz. Era dotado de poderosa eloquência, acentua o mestre.

Lembra Eloy de Souza que Junqueira Ayres pronunciava duzentas e doze palavras por minuto! Lauro Muler, deputado federal carioca, na Comissão de Finanças deu Parecer contrário a um Projeto de Junqueira Ayres que pedia verba para a pequena açudagem. O deputado potiguar foi à tribuna. Lauro Muler ouviu-o atentamente e declarou depois: "Esse discurso vale dez vezes a quantia pedida. Não a podemos recusar!"

 

Hermenegildo de Morais, representante da bancada do Estado de Goiás, não tolerava discurso comprido. Ausentava-se do Plenário quando o orador passava de meia hora. Um dia, Junqueira Ayres foi à tribuna e Hermenegildo permitiu-se ouvi-lo no exórdio, tolerando-o mais um pouco e... levantando-se e sentando-se, alternativamente, “ouviu-o três horas seguidas, sem abandonar o recinto".

Adoentado, Junqueira Ayres pronunciou o seu canto de cisne, saudando Pedro Velho, seu correligionário, chefe político e amigo. Faleceu alguns dias depois, no Recife, após conversar com seu outro amigo, Dom Manuel dos Santos Pereira, então Bispo de Olinda. Não tinha Junqueira Ayres quarenta anos de idade. Assim desapareceu dentre os vivos aquele que foi um dos melhores oradores da República que nascia.

Por: Jurandyr Navarro | Livro Oradores (1889-2000)