Maria Olímpia Ferreira

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Lembro-me bem das andanças de meu pai por vários sítios e vilas do agreste norte-rio-grandense, das dificuldades passadas, da pobreza, do sacrifício do chefe de família responsável para manter uma família não muito pequena com parcos vencimentos de professor primário. Mas o velho Antonio Corcino de Macedo (hoje nos seus maravilhosos 96 anos), nunca esmoreceu, e a par da missão sublime de ensinar, sempre arranjava umas terrinhas para um plantio de feijão, milho, mandioca, frutas, etc., que na safra complementava o pouco que ganhava pelo Estado. E assim, desde Jacobina, onde começou sua faina educativa, e onde o autor dessas linhas nasceu em 1º de março de 1920, passando por Pedra Branca, Itapitanga, Califórnia, Milharada e Jundiaí, sentimos todos nós seus filhos o quanto foi admirável o “velho” na sua luta, o velho veio ter um pouco de estabilidade em Jundiaí, vila bem povoada próxima  a cidade de Macaíba, e como as primeiras letras já me tinham sido ministradas por ele próprio, começamos a freqüentar o Grupo Escolar Auta de Souza, onde tivemos a ventura de conhecer a professora Maria Olímpia Ferreira, a quem prestamos nesta pequena reminiscência, a nossa homenagem:

Maria Olímpia Ferreira, professora de várias gerações, em Macaíba, será sempre lembrada, por sua capacidade didática, sua inteligência, e, sobretudo pela maneira de tratar aos alunos. Casada com o telegrafista Orlando Ubirajara Ferreira, nascida na cidade de Angicos, Maria Olímpia, após sua formatura, pela Escola Normal de Natal, iniciou sua brilhante carreira no magistério, no Grupo Escolar Auta de Souza, onde juntamente com os professores Paulo Nobre, Melânia Siqueira e outros que fogem à memória, fez um trabalho digno, não se limitando somente às aulas constantes da programação normal, mas, organizando passeios instrutivos pelos arredores da cidade e tirando todos nós, seus alunos, do dia-a-dia sempre monótono das salas de aula.

Lembro-me bem dos passeios em Jundiaí, nos sítios de Joca Leiros e Jaime Quintas, Uruassu, etc., onde, nos intervalos das brincadeiras, recebíamos lições as mais preciosas. Nesta reminiscência de Maria Olímpia, não podíamos esquecer o carinho com que recebia em sua casa, seus alunos, quando éramos convidados a comparecer a festas familiares. Como se não se não bastasse seu amor pelo magistério, fazia parte de entidades filantrópicas, dado o seu grande espírito, ligado sempre às pessoas mais carentes da cidade. Depois de um certo tempo, Maria Olímpia foi transferida para uma unidade escolar de Natal, onde por coincidência foi também professora de meus Irmãos mais novos. Residiu ainda, no Rio de Janeiro por muitos anos, e depois de aposentada, voltou a morar em Natal, onde faleceu há cerda de cinco anos.
Raimundo Ubirajara de Macedo