Instituto José Maciel

Eduardo Santos e Olimpio Maciel São Paraninfos da turma de formandos 2010 (UVA)

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Assembléia Universitária de Colação de Grau das turmas concluintes dos cursos de Pedagogia e História, Licenciatura Plena, na cidade de Macaíba com a presença do Reitor da Universidade do Vale do Acaraú (UVA) e Curador da UVA no RN Professor Hudson Brandão. Sendo Patrono Dr. Olimpio Maciel e Paraninfos Secretário Marcelo Augusto e o Vereador Eduardo Santos.

Fotos da Formatura e discurso anexo:

                    Fotos:

                    Discurso:

                    Minhas senhoras e meus senhores,
                    Gostaria de iniciar minhas palavras agradecendo aos graduandos de história pelo honroso convite para ser paraninfo da turma. Em oito anos a frente da Secretaria de Cultura e Turismo do Município de Macaíba esta é a primeira vez que sou patrono de uma turma de história, contento-me por saber que também esta é a primeira turma de história a colar grau em nossa cidade, nos últimos oito anos.
                    Cada um de nós deveria ser um historiador, não apenas graduado nas letras, mas, contudo graduado no mundo, afinal de contas já nos dizia o mestre Paulo Coelho “a leitura do mundo precede a leitura da escrita”, assim também deveríamos todos e cada um fazer-nos historiadores do mundo e de nós mesmos, afinal todos têm uma história, e o mais importante é que todas elas são diferentes.
                    Preocupo-me quando recebo crianças, jovens e adolescentes no museu solar do ferreiro torto, para com alegria contar a história de Macaíba e me vejo de frente a meninos e meninas, que na sua maioria não sabem sequer o nome das avós, nem mesmo o nome da maternidade onde nasceram, nem mesmo o medico ou a parteira que o ajudaram vir ao mundo, fatos primordiais em nossa vida, esquecemos dos pequenos detalhes e assim fica difícil construirmos os grandes momentos, pois aqueles muitas vezes dependem desses.
                    Gostaria de deter-me de uma forma especial a esta turma, formada por verdadeiros historiadores e historiadoras, que na essência da palavra agregaram fatos as letras, vivência ao saber. São protagonistas de um estudo profundo, principalmente sobre a história de Macaíba, a qual também gostaria de evidenciar nesta noite que esta cidade nunca foi tão pesquisada como foi durante o tempo que vocês, heróis e heroínas se preparavam para esta graduação.
                    Criaram a associação amigos do museu, do museu solar ferreiro torto, marco zero da colonização de Macaíba e um dos pontos mais importantes na história do Rio Grande do Norte e do Brasil, pois foi naquelas terras que aconteceu, ainda no século XVII, o primeiro morticínio holandês da então capitania do Rio Grande, tão bem contada e recontada em seus escritos e falas. Foram vocês que promoveram passeios e intercâmbios com turmas de outros municípios, unidos e solícitos para mostrar uma história necessária para a construção de um estado, a história que começa em Cuité e continua em Macaíba e que certamente não terá fim.
                    Diuturnamente alimentam um site sobre história de Macaíba, e já dispõem de escritos em forma de livro mostrando ao mundo um relato da cidade banhada por um rio chamado Jundiaí, berço de tantos ilustres, que como canta o nosso hino “são poetas, são homens da lei que viveram sonhando, buscando ideais”, ideais que nos transporta à glória de voar, quando Augusto Severo provou em ares parisienses a dirigibilidade de um balão denominado PAX, homem da mais alta estirpe intelectual, nascido aqui nesta terra, neste porto torrão e que hoje cento e oito anos após seu falecimento o cultuamos como o mais ilustre filho de Macaíba, merecedor das nossas eternas homenagens, celebrando-o como o pioneiro da aviação brasileira.
                    Buscaram do mesmo modo estudar Augusto Tavares de Lyra, que por sua sabedoria jurídica galgou posto de ministro e na esfera local de governador do Estado, homem que por muitas vezes representou nosso País nas conferências internacionais falando em nosso nome aos irmãos estrangeiros.
                    Auta de Souza e seu Irmão Henrique Castriciano, dois jovens idealistas e promissores, ela poetisa conhecida e cultuada no Brasil e fora dele, mulher que como está escrito em sua lápide “viveu pouco, sofreu muito e amou demais”, é nossa filha mais ilustre, deixou-nos além de sua única obra, “Horto”, o exemplo de suavidade e generosidade humana. Henrique Castriciano, seu irmão que se dedicou de corpo e alma à educação norteriograndense, e nas horas vagas era político, como ele mesmo dizia, foi fundador da academia norteriograndense de letras, do grupo de escoteiros do alecrim e da escola doméstica de Natal, deu uma enorme contribuição para toda humanidade.
                    Octacílio da Costa Alecrim, jurista renomado, grande tribuno, escritor e homem de cultura apurada, quando contou Macaíba para o mundo denominou-a de Província Submersa, numa linguagem proustiana conta-nos relatos de uma cidade futurista e promissora, foi também estribilho nos estudos dos nossos historiadores.
                    Ainda gostaria de citar Alberto Frederico de Albuquerque Maranhão, duas vezes governador do Rio Grande do Norte, conhecido como o mecenas da cultura potiguar, homem de gestão apurada e de conceitos além de seu tempo, diversas vezes citado pelos graduandos em seus trabalhos.
                    Por fim, gostaria de citar um casal para homenagear todos os demais macaibenses estudados e citados por nossos historiadores, referindo-me a Olímpio Jorge Maciel e sua esposa Elem Maciel, avós paternos de Dr. Olímpio, que representam a mais alta qualidade humana das famílias macaibenses de outrora, que demonstraram que a vida é concedida para se viver em harmonia e doação, e dezenas e centenas de meninos e meninas vieram ao mundo pelas mãos da eterna e saudosa Elem Maciel, portanto nosso reconhecimento e nossa gratidão neste registro da rica história do povo de Macaíba. Elevo de igual modo, o meu respeito ao macaibense, historiador, médico e presidente do instituto Pró-memória de Macaíba, patrono desta turma de história Dr. Olímpio Maciel.
                    Ressalto a importância histórica que o município tem recebido da Dra. Marília Dias, prefeita municipal, quando em parceria com o instituto pró-memória de Macaíba, trasladou os restos mortais do fundador da cidade Fabrício Gomes Pedroza, do Rio de Janeiro para cá, e o sepultou na matriz de Nossa Senhora da Conceição, a mesma matriz que Fabrício doou o terreno e ajudou na construção, afinal de contas quem constrói uma igreja não cabe num cemitério, além disto, instituiu a medalha do mérito Fabrício Pedroza para condecorar aos que de uma forma ou de outra contribuem para o engrandecimento da cidade. Quando autorizou o projeto do pórtico Augusto Severo, quando sancionou a Lei do Plano Diretor Municipal em concomitância com o Legislativo Municipal, cujos bairros, em sua maioria receberam nomes dos filhos desta terra.
                    Contar história para historiadores é um ato difícil, contudo, gratificante, pois vejo que não estou sozinho num ideal de manter viva nossa cultura histórica, vocês fazem à diferença, pois não querem apenas o diploma, vocês realmente são merecedores deste diploma, e se existisse um adendo de aprovação, chancelava plenamente, em número, gênero e grau, este mérito que agora não mais pertencem somente a vocês, mas para nossa felicidade pertence de igual modo ao povo do querido município de Macaíba. 
                    Cultuemos, portanto, nossa história e tudo que a integra. Nossa gente, nosso patrimônio arquitetônico, o Solar Ferreiro Torto, o Madalena, o Caxangá, o Mourisco, o Jundiaí, a água da raiz, a matriz e as capelas, a Senhora da Conceição, São José e São Miguel, os terreiros e os campinhos, as anedotas e o sequilho de goma, o boteiro João Láu e lancha Julita, a saudosa Sabiá, nossas praças e palmeira Macaíba, o Pax Club e seus bailes memoráveis, nossos eternos carnavais, nossas professoras, nossos políticos, nosso Rio e nossa ponte, nossos grupos Auta de Souza e Arcelina Fernandes, O Humaitá, o Cruzeiro, O Rio Branco e o Madureira, de Traíras a Mangabeira, Zé distinto e sua sopa, Zé Macaco e seu refresco, os filhos importantes e os filhos ilustres, o estado, o país e o mundo, dia a dia revivendo nossa cidade construiremos um alicerce fecundo para continuarmos uma história que não deve parar de ser vivida, contada e registrada.
                    Da província submersa de Octacílio Alecrim, ou mesmo da cidade que ninguém inventou de Osair Vasconcelos, ou ainda da maior cidade pequena do mundo do saudoso Chagas Peixoto, neste relato sentimental, espero ter cumprido nesta noite, não apenas o papel de paraninfo da turma, mas sim de um memorialista irmanado a todos vocês em prol de uma causa chamada história.
                    Que a suavidade dos versos de Auta de Souza, a coragem de Augusto Severo, a diplomacia de Tavares de Lyra e a bondade de Elen Maciel, possam de igual modo acompanha-los nesta luta que somente se inicia.
                    Parabéns, boa noite e obrigado.

 
 Natal/RN - Brasil,