Instituto José Maciel

Meus amigos eram todos católicos

E-mail Imprimir PDF

“Meus amigos eram todos católicos”


Os Palatinyk em 1925. Em cima: José, Moyses, sua mãe Sonia e o trio sentado: avô materno José Blatman, avó e a bisavó. 

               Nascido em Natal, Moisés Palatnik, filho de José, morou 23 anos na cidade, estudando no Atheneu e no NPOR – Núcleo Preparatório de oficiais da reserva. Durante a Guerra fez vários amigos, entre os quais Alvamar Furtado de Mendonça, que ainda hoje quando vai ao Rio de Janeiro, procura o amigo natalense. “Pessoalmente, jamais sofri qualquer ato anti-semitismo” diz Moisés.
               Foi o paciente da primeira circuncisão realizada em Natal, em 23 de janeiro de 1923. os talentos infantis entre os judeus fizeram história em Natal. Davi Starec, intérprete mirim, trabalhava na Base Aérea auxiliando a comunicação entre americanos e brasileiros. Adulto, passou a ensinar chinês na Universidade Hebraica de Jerusalém.
               Moisés também serviu como intérprete dos americanos e atuou como soldado no Grupo de Artilharia de Costa, na praia de Pirangi. “No colégio Atheneu e no Exercito, todos meus amigos eram católicos apostólicos romanos” lembra. Cresci em uma cidade que na época tinha entre 15 e 20 famílias de origem judaica. Conta que em reconhecimento ao trabalho de seu pai deram a uma das ruas da cidade o nome dele.
               José Palatnik faleceu em 1971, no Rio de Janeiro, onde estava sua família. Depois da Guerra, Moises foi estudar Direito na capital carioca, pois não havia faculdade deste curso em Natal. Trabalhou a partir do 3° ano de curso, no escritório do advogado potiguar Cícero Aranha, radicado no Rio. Depois em seu próprio escritório foi sócio durante oito anos, de Marcelo Alencar, atual governador do Rio de Janeiro.
               As atividades do clã Palatnik em Natal deixaram marcas e tornou possível no futuro a criação de entidades judaicas. Atualmente existem seis, entre elas a Fundação Bem Abraham e a Federação Israelita do Rio Grande do Norte. Porém essas instituições precisam ter o mesmo espírito atuante dos Palatnik, que deixaram vários de seus bens em Natal, sem nada reivindicar, como a Vila Palatnik, no centro da cidade.

Publicado no Jornal O Poti na edição de 23 de Julho de 1995.

 
 Natal/RN - Brasil,