Instituto José Maciel

Major Andrade

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Major Andrade: cinquentenário de falecimento

Nesta próxima segunda-feira, dia 25, estará completando 50 anos do falecimento do saudoso major Antônio d’Andrade Lima (o major Andrade), grande líder político macaibense nas primeiras nas primeiras décadas deste século.
A família está programando uma missa para celebrar a data. A bisneta do major Andrade, Raimunda Cordeiro, 39 anos, informou que a solenidade só não será realizada caso não melhore o estado de saúde de sua mãe, Lethurzia Cordeiro, e de sua avó, Inah de Andrade, ambas impossibilitadas de caminhar.
O major Andrade se destacou no cenário político de Macaíba militando na oposição, ao lado da família Mesquita. A situação era dominada pelo coronel Manuel Mauricio Freire (Neco Freire), o chefe político da cidade por quase 40 anos – do final do século passado até a sua morte em 1927.
Naquela época, existia duas grandes agremiações políticas que tratavam ferrenhas disputas: os Penhistas (admiradores de José Penha) e o Partido Republicano (fundado por Pedro Velho de Albuquerque Maranhão).
O major Andrade e os Mesquitas eram seguidores do capitão José da Penha, enquanto que Neco Freire era Republicano, juntamente com seu filho Theodorico e seu sobrinho, Almir Freire.
A rivalidade entre o major Andrade e o coronel Neco Freire era tanta que cada um era detentor de sua própria banda de música, que animava as reuniões sociais da época.
O major Andrade fundou a sua banda com 19 anos de idade, em 1898.
Inicialmente, se chamava banda de música “Antonio d’Andrade”; depois resolveu chamá-lo de “J. da Penha”, em 1914, para homenagear o “herói de Miguel Calmon”, capitão José da Penha, o major Andrade a manteve por 31 anos.
Segundo informações, as chances de vitória do major Andrade sobre seu maior adversário eram sempre favoráveis. Mas devido à influência do desembargador José Theotônico Freire (que era irmão de Neco Freire), somada com as ligações existentes com a família Albuquerque Maranhão (a oligarquia que dominou o estado por muitos anos), Andrade sempre levava desvantagem nas eleições.
Devido a isso, Neco Freire se tornou, enfim, o plenipotenciário da política Municipal. Só depois de sua morte, subiram ao poder o major Andrade e as novas lideranças emergentes, com a revolução de 1930.
O major Andrade conquistou, então, o mérito de ser o primeiro prefeito de Macaíba, aclamado pelas forças revolucionárias. É que antigamente não existiam prefeitos e sim intentes.
Entretanto, com a sua vitória, dentro de pouco tempo surgiram divergências entre ele e seus antigos correligionário. Alfredo Mesquita Filho o sucedeu, ao ser escolhido para ser prefeito de Macaíba no ano de 1936. Após isso, não se teve mais referência da atuação política do major Andrade em Macaíba.
Um detalhe: era padrinho de 1.000 afilhados, entre eles José Pinto Freire. A índole do major Andrade era marcante: quando falecia alguém na cidade, geralmente carente, ele mandava um bilhete para sua esposa, dona Segunda, para que ela doasse um de seus ternos para que os familiares do falecido pudessem realizar o funeral.

Capela é mais antiga que a Matriz

A capela de São José, situada nos nove hectares iniciais da propriedade Barra, foi construída no ano de 1876, em terreno doado pelo capitão Vicente d’Andrede Lima. Como se pode observar, o prédio é mais antigo que a própria Igreja Matriz (inaugurada em 1882).
O fato de a capela São José ter sido construída nas imediações da Fazenda Barra ocorreu, porque naquela época as famílias nobres erguiam templos da religião de sua devoção em suas propriedades.

Líder político da oposição morava no Solar Caxangá

O solar Caxangá, localizado na Rua Dr. Pedro Velho, 200, foi por muitos anos o lar de major Andrade. Construído por volta de 1860, na propriedade “Coité” em estilo colonial português, pelo coronel da guarda nacional Affonso Saraiva de Albuquerque Maranhão, vislumbrou em suas paredes seculares os tempos áureos da aristocracia macaibense.
Affonso Saraiva ofertou o prédio ao pai do major Andrade, capitão Vicente d’Andrade Lima, por ele estar naquela ocasião se casando com a sua cunhada, Marcionilla Viana (a primeira professora da rede pública de Macaíba, e mãe do major Andrade). Ele era oriundo de Areias/PE.
Curiosamente, umas da irmãs Macionilla, Maria Leopoldina, casou com o desembargador José Theotônio Freire (irmão de Neco Freire). São os pais de Dahlia Freire Cascudo, viúva de Câmara Cascudo.
Portanto, o major Andrade e Neco Freire eram quase parentes, já que sua tia era cunhada deste último. O capitão Vicente d’Andrade Lima sem tornou administrador de Macaíba (no período da Monarquia Brasileira), de 1882 a 1883.
Da união entre Vicente d’Andrade e Marcionilla, nasceram os filhos: Vicente d’Andrade Lima Filho, que faleceu ainda criança; Anna Cândida de Andrade Ribeiro Dantas (Nininha); e Anna Cândida de Andrade Ribeiro Dantas (Nininha); e Antônio d’Andrade Lima.
Nascido em 3 de março de 1879, no próprio Caxangá, o major Andrade cursou o Atheneu Norte-Rio-Grandense. Foi comerciante e proprietário da fábrica de cigarros “15 de novembro”, cuja produção era exportada para Natal.
Além de prefeito de Macaíba foi deputado estadual; diretor do Núcleo Agrícola de Jundiaí; e primeiro suplente de juiz seccional. Em primeiro de junho de 1900, casou com Maria Segunda de Andrade (Dona Segunda) – a segunda proprietária do Caxangá. Deste consócio, nasceram: Inalda, Consuelo, Vicente (ambos já falecidos), e Inah (hoje com 91 anos).
Inah foi casada com o sargento Cordeiro. Os dois tiveram uma filha Lethurisa. Esta teve três filhos: Eudes Cordeiro(falecido em 98), Eurides e Raimundinha.
O major Andrade faleceu em 25 de semtembro de 1950.
Dizia Eudes Cordeiro, que suas últimas palavras para seus familiares foram, ainda, uma lição de coragem e resistência: “Não chorem. Trabalhem...”.

Mais da metade de Macaíba lhe pertencia

O major Andrade era dono de quase dois terços da sede municipal de Macaíba. É que a propriedade “Coité”, cuja sede era o Caxangá, media ao todo cerca de 360 hectares.
Abrangia as seguintes localidades: Campos da Santa Cruz, Campo da Mangueira, Alto da Raiz, e as ruas: Coitpe, Areia Branca, Eloy de Souza. e capitão José Lourenço. Hoje, essas áreas se encontram com posseiros.
Da extensão original da propriedade, ainda faziam parte: o local onde foi construído o Caic, o conjunto Fabrício Pedrosa (IPE), e a morada da Fé.

 
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