Luiz Romano morreu hoje em Natal
Acabou-se o sofrimento. Luís Romano de Madeira Melo, 88 anos, morreu esta tarde no Brasil, vítima de doença prolongada. A notícia foi revelada ao asemanaonline por uma fonte da Presidência da República de Cabo Verde, que vinha acompanhando de perto a situação deste cabo-verdiano que diáspora levou. Pedro Pires e o escritor eram amigos desde os tempos da luta pela independência do seu país natal.
Antes do Brasil, Romano chegou a viver no Senegal, Mauritânia e Marrocos. Como engenheiro mecânico e eléctrico trabalhou na indústria salineira em Marrocos. Depois da independência de Cabo Verde, em 1975, viveu algum tempo na cidade da Praia, tendo retornado ao Brasil.
Generoso, homem de espírito inquieto, o extinto deixa uma vasta obra literária, que se reparte pelos mais variados géneros: ficção (contos e romance), poesia, investigação, ensaio e divulgação analítica. No entanto, “Famintos. Romance de um povo” é o título mais conhecido dessa bibliografia. “Negrume (Lzimparin” (poemas) é outro título seu bastante conhecido.
No Brasil, com o seu compatriota Artur Vieira, Luís Romano chegou a editar a revista “Morabeza”. “Ilhéu”, publicado em 1991, reunindo contos e lembranças, é um dos seus últimos livros.
Influenciado pelo folclorista brasileiro Luís da Câmara Cascudo, com quem chegou a privar, Romano procedeu à recolha de várias tradições do seu país natal. Apaixonado pelo crioulo, escreveu textos – poemas e contos – nessa língua.
A morte de Luís Romano quase coincidiu com a estada em Cabo Verde do seu irmão Teobaldo Virginio, também escritor e pastor nazareno. Virginio foi homenageado nas festas do dia do município da Ribeira Grande e regressou há dois dias aos EUA, onde vive.
Quer a Presidência da República de Cabo Verde, quer a Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santo Antão devem, a qualquer momento, manifestar o seu pesar pela morte de Luís Romano.
Publicado na Asemana
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