O livro História da Cidade do Natal, de Câmara Cascudo, registra que o Governador Alberto Maranhão, criou, em 21 de agosto de 1909, um novo hospital, para substituir o Hospital da Caridade, primeiro nosocômio de Natal.
Uma residência de sua propriedade, no monte Petrópolis, foi adaptada e recebeu o nome de Hospital Juvino Barreto, numa homenagem a um homem, industrial e filantropo, considerado um “modelo de bondade e altruísmo” (SARINHO, 1988).
Em 12 de setembro de 1909, com18 leitos, o hospital foi inaugurado. A direção foi entregue ao Dr. Januário Cicco que também atendia a todos os casos dos doentes hospitalizados, inclusive parturientes, já que a cidade não tinha maternidade, além dos pacientes que vinham ao ambulatório, o único que existia na cidade (SARINHO, 1988; ARAÚJO, 2007).
Com a demanda de pacientes cada dia maior e o número de leitos insuficientes, com a ajuda da subvenção que recebia do Estado e algumas economias, o diretor ampliava o espaço físico e construía novas instalações, destinadas aos poucos pacientes particulares.
Este trabalho de assistência hospitalar contava com a ajuda das Irmãs de Caridade “Filhas de Sant’Anna” que também assumiam a direção doméstica, e muitas vezes ocupavam o lugar de anestesista, na falta do especialistas e ausência do cirurgião (SARINHO, 1988).
Em 1926, com aproximadamente cem leitos, o Hospital crescia e continuava sob a direção do Dr. Januário Cicco. Como mais uma estratégia em busca de recursos, foi criado um pavilhão para pensionistas e o Dr. Januário Cicco propôs ao Governador José Augusto de Medeiros a criação de uma Caixa do Hospital, fiscalizada pelo próprio governo, para gerir a renda advinda dos pacientes particulares (ARAÚJO, 2007).
O governador concordou com a idéia e aventou a possibilidade da criação de uma sociedade para administrar o hospital e seus anexos, mediante contrato, juntamente com uma entidade que se responsabilizaria por apresentar, anualmente ao Governo, a prestação de contas (SARINHO, 1988; ARAÚJO, 2007).
Organizou-se a 25 de maio de 1927 a Sociedade de Assistência Hospitalar, cujos fundadores foram: Dr. Januário Cicco, diretor-médico; João Crisóstomo Galvão Filho, tesoureiro; Fernando Gomes Pedrosa, secretário e José Lagreca (CASCUDO, 1947). Em 30 de junho do mesmo ano o Governo firmava um contrato, por vinte anos, passando do Estado para a Sociedade o Hospital Juvino Barreto. Esta obrigava-se a prestar os serviços de assistência, contando com uma subvenção anual de cem contos de reis (ARAÚJO, 2007).
A criação da Sociedade trazia novas perspectivas para o trabalho desenvolvido, além de continuar a prestar assistência médica aos pobres do Estado, atenderia também aos mais abastados, livre da burocracia oficial que impedia o bom funcionamento do Hospital.
Ainda no ano de 1927 o corpo clínico do Hospital se enriquecia com a chegada de ginecologista e obstetra; clínico e o Dr. José Tavares da Silva, o primeiro cirurgião do Hospital, com quem foi iniciada a prática da anestesia e conseqüentemente as realizações de grandes cirurgias no Estado. Já em 1929, foi criada a clínica urológica, os serviços de otorrinolaringologia e oftalmologia. Em 1934, o Dr. Antônio Martins Fernandes,foi o primeiro radiologista do Hospital (SARINHO, 1988) e em 1935, o Dr. Clovis Travassos Sarinho, cirurgião, realizou as primeiras cirurgias de simpatectomia lombar e esplenectomia, em nosso estado (ARAÚJO, 2000).
Também em 1935, por decisão de seu diretor, o Hospital passou a denominar-se Miguel Couto, desconhecido para o povo potiguar, mas clínico competente e professor eminente, que se destacava, no cenário cultural e científico brasileiro.
Em 1945, o Hospital Miguel Couto, instalou o primeiro serviço de Pronto Socorro de Natal, atividade exercida pelos que atuavam na clínica médica e clínica cirúrgica e que permaneceu sob a responsabilidade do Hospital, por pouco mais de 30 anos.
Em 1952, já com a saúde comprometida, Dr. Januário Cicco propôs ao Governador Silvio Pedroza que doasse os prédios do Hospital e anexos, à Sociedade de Assistência Hospitalar, e obteve concordância, porém não chegou a ver a oficialização de tal doação. Em 1º de novembro de 1952 faleceu diante dos doutores Ernesto Fonseca, Álvaro Vieira, Heriberto Bezerra e Onofre Lopes a quem pediu, nos seus últimos momentos “Não deixe a minha obra se acabar” (UFRN, 2007).
A doação foi aprovada pela Assembléia Legislativa em novembro de 1952, iniciando mais uma fase na história do Hospital. A Sociedade de Assistência Hospitalar passou a ser presidida por Dr. Onofre Lopes da Silva e o Hospital Miguel Couto teve como diretor o Dr. Olavo Silva de Medeiros.
Contando com dezoito profissionais de saúde, foi criado um Centro de Estudos que serviu de estímulo para a idéia de fundação de uma Escola de Medicina. Assim, a criação da Faculdade de Medicina foi efetivada em 05 de fevereiro de 1955. (SARINHO, 1988; ARAUJO, 2007).
Em março de 1956 iniciava-se o Curso de Medicina e o Hospital Miguel Couto estava a serviço da Faculdade. Em 1960, o Presidente da República, Juscelino Kubitscheck, federalizou a Universidade e a unidade passou a ser Hospital Escola, integrando-se à Universidade Federal do Rio Grande do Norte com a denominação de “Hospital das Clínicas”.
Nessa nova fase foram ampliadas as instalações físicas, criado o Serviço de Atendimento de Urgência (SAU), instalados novos ambulatórios e ampliado o bloco cirúrgico. Também iniciou-se a realização de cirurgias de maior complexidade como cirurgias pulmonares e neurocirurgias, efetivadas, respectivamente, pelos professores Dr. Pedro Germano e Dr. Luiz Bulhões.
Em 1972, o intercâmbio com o Projeto Hope, propiciou a instalação da UTI. Em maio de 1978, o Dr. Ricardo Lagreca, realizava a primeira cirurgia cardíaca (troca da válvula mitral).
Em 1984, numa justa homenagem ao grande incentivador e criador da Faculdade de Medicina, a unidade passa a denominar-se “Hospital Universitário Onofre Lopes”.
Por ser um Hospital de ensino, o HUOL tem como missão institucional o ensino, a pesquisa e a extensão, com destacadas ações nas áreas de cirurgia experimental, medicina nuclear, Medicina Familiar e Comunitária, Clínica Médica, Clínica Cirúrgica e Psicofarmacologia.
REFERÊNCIAS:
CASCUDO, Luis da Câmara. História da Cidade do Natal. Prefeitura Municipal, 1947,Nata/RN.
SARINHO, Clovis Travassos. Hospitais do Rio Grande do Norte (Notas, Apontamentos, História). Nordeste Gráfica Ltda, 1988,Natal/RN.
ARAÚJO, Iaperi. Historia da Faculdade de Medicina. EDUFURN, 2007, Natal/RN
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