Instituto José Maciel

Luiz Romano

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Mais um livro de Luiz Romano. Caboverdense, pariense, homem do deserto, natalense, macaunse, sei mais lá! Cidadão do mundo. Pátria de todos. Homem universal no seu fabuloso e sincero amor pela humanidade. Sua aventura humana é um prodigioso espanto de aventura. Linguas, pessoas, paisagens. Sede nos olhos e na alma de conhecer o grande mundo de Deus. Suas terras e águas. Seus altos céus incandescentes ou frios. E o coração ávido de buscar o outro irmão, branco ou negro, vermelho ou amarelo. O homem na verticalidade infinita que busca, as vezes, mais que um deus somente. O Homem semente a despontar numa folhagem basta, diversa, a ter que se comunicar, se fazer uma copa de árvore enorme cobrindo a terra de todos.

Luiz Romano, agora, vem com novo livro. Nova mensagem. Poderia escrever sobre o branco da primeira folha, os versos de Régio: “Não sei para onde vou / não sei por que vou. / Sei que não vou por aí!”

Sabe que não deve e nem pode parar. Quer acima dos ventos erradios dessa tormenta dos dias presentes fazer com seus irmãos todos. Abrir-lhes um caminho onde todos passavam e a ventura da vida ou aventura, seja no rastro de astros caídos ou passos de viajantes, um mundo novo a construir sobre escombros.

“Que vale chorar sobre ruínas?”

“Clima” – seu livro, diz da sua alma fabulosa, com todos os espantos que viu, incompreensões que provou, os solitários acampamentos de um povo errático e pernumbroso; alma que apenas e tão somente precisa saber que tem ao seu lado um irmão. E com o milagre desta descoberta, reconstruir a Casa, que tendo muitas moradas , como no Evangelho, caberá todos.

Mas, Luiz Romano, tem muito mais. Tem a ser conhecido e sentido nas grandes medidas da sua amizade. E ouvir-lhe os causos todos, estórias, viagens. Alma transbordante de marinheiro, Romano conhece as sete partidas de meu Deus. Seus portos, os vinhos, os quentes licores, céus e luas, os finos estrelários, pólos, rios e águas de mar. Ler “Clima” é conhecê-lo grande parte. Ele, que à maneira de Exupery, poderia chamar a noite de morada...

Newton Navarro - 08/11/1963

 
 Natal/RN - Brasil,