O cenário humano do Rio Grande do Norte perdeu um ícone, há poucos dias, com a morte de Max Cunha de Azevedo. Vida longeva e repleta de boas realizações, de bons exemplos e de ações benfeitoras. Seu nome se irmana com solidariedade, competência e vontade de ser útil. Também, pode-se associar ao seu nome muitos outros méritos, quais sejam: buscar sempre a paz, venerar o senso de justiça e pautar seus atos pelos preceitos da ética e da moral. No seu perfil há um outro atributo marcante, indissociável da sua figura humana, que é a alegria de viver. Seu bom humor era quase constante, e ele gostava de partilhar esse dom com outras pessoas.
Max Cunha de Azevedo nasceu em Jardim do Seridó-RN, a 27 de setembro de 1921, e faleceu em Natal, a 02 de maio de 2020. Estudou no Grupo Escolar Antônio de Azevedo, na sua cidade de origem, e ainda em Mossoró e em Natal, até concluir o ciclo básico. Em 1944, graduou-se em Odontologia, no curso conjunto com a Faculdade de Medicina, no Recife-PE. Em 1948, prestou concurso público, realizado em âmbito nacional, para o cargo de Inspetor de Ensino do Ministério da Educação. Dos 40 candidatos do Rio Grande do Norte, ele foi o único aprovado. Nesse mesmo tempo, mereceu aprovação em processo seletivo para professor da disciplina de Legislação e Administração Escolar, da Faculdade de Educação de Natal, que se integrou à UFRN. Seu trabalho na condição de Inspetor Seccional do MEC tornou-o conhecido e admirado em todo o Estado, pelo zelo, cuidado e mestria com que exerceu, à época, a importante função.
Dividiu-se entre a Odontologia e a Educação, com ênfase para a área escolar. Mas o cirurgião-dentista Max Azevedo honrou a profissão, a exemplo dos nove anos em que dirigiu a Clínica Odontológica do Hospital Miguel Couto, hoje Hospital Onofre Lopes, da UFRN. Integrou a Academia de Odontologia do RN, da qual era devoto e entusiasta. No tocante à Educação, além de Inspetor Seccional do MEC, exerceu a docência no Departamento de Educação da UFRN, por muitos anos, como um dos nomes mais respeitados, em todos os tempos. Por 12 anos, integrou o Conselho Estadual da Educação e, ao se afastar, por força da lei, recebeu uma placa, com esses dizeres: “Ao Conselheiro Max Cunha de Azevedo, pelos 12 anos (1966/1978), em que enriqueceu este Conselho, com seu saber de experiência feita, a homenagem de seus pares. Natal, 18/12/78”. Recebeu também muitos títulos e condecorações. Exerceu o cargo de Diretor da Faculdade de Educação, durante quase seis anos, por nomeação do Presidente da República.
Apesar de trilharmos caminhos diversos, na profissão e no exercício de funções públicas, sempre guardamos boa e mútua amizade, e por ele mantive, ao longo dos anos, grande admiração. Na condição de Reitor da UFRN, tive a honra de entregar-lhe o título de Professor Emérito, em 1988. Nos últimos 15 anos, até 2018, tivemos uma convivência mais próxima, nas reuniões do Conselho Diretor da Liga de Ensino do RN. Foi feliz e fez sua família também feliz. Além das qualidades aqui citadas, Max era um bom escritor e um cultor do nosso idioma. Tenho dele quatro livros, todos muito bem escritos e com ótimo conteúdo. O nome de Max Cunha de Azevedo integra o panteão das maiores e melhores figuras humanas do Rio Grande do Norte.
Daladier Pessoa Cunha Lima
Reitor do UNI-RN
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