Instituto José Maciel

Cel. Joao Medeiros

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Só um homem que esteve sempre à frente de sua época poderia ter realizado a obra extraordinária que João Medeiros realizou, como emblema da capacidade de trabalho dos sertanejos, nas diversas páginas que escreveu nos anais da vida econômica e política do Rio Grande do Norte.

João Medeiros nasceu no dia 27 de março de 1888 na fazenda Passagem de São João, no município de Jardim do Seridó. Seus pais foram Bartolomeu Cândido de Araújo e Ana Joaquina da Conceição, proprietários de uma fazenda onde praticavam a agropecuária, atividade com a qual o filho se familiarizou desde cedo.

A segunda década do século 20 encontrou o jovem João Medeiros como comerciante já estabelecido no ramo do aproveitamento e beneficiamento de couro, com o que de certo modo expandia um setor da agropecuária latente mas pouco explorado na sua região.

O ano de 1912 marca um novo salto na história de João Medeiros, naquela altura já um experiente comerciante de 24 anos: ele adquire uma importante mercearia da sua cidade, o que lhe dá a chance de participar mais regularmente da vida social do município. Ao integrar-se à campanha do coronel Felício Elísio, à mesma época, passa a ter um importante papel na vida política da região. Dada a grande amizade que o uniu a vida inteira ao coronel Felinto Elísio, João Medeiros alimentou veleidades políticas, sendo eleito vereador por Jardim do Seridó, sob a liderança do amigo. A carreira política, porém, esbarrou na Revolução de 30, que dissolveu os conselhos municipais. A partir daí, João Medeiros deixou a vida partidária, mas sem nunca renunciar a participar dos destinos políticos do Estado, sobremaneira quando diziam respeito aos interesses da sua região.

Nessa década, que foi de vital importância na sua vida, João Medeiros casou com Ana Cunha de Medeiros, constituindo uma numerosa família que ainda hoje exerce importante papel na vida econômica e social do Rio Grande do Norte.

De fato, sempre que os interesses maiores do Estado estivessem em jogo, João Medeiros não vacilava em tomar partido a favor daqueles que comungavam das suas ideias.

Foi assim que ele se integrou às fileiras dos apoiadores de Rafael Fernandes ao governo do Estado, pelo Partido Popular, e, ao final, vitorioso, em 1935. Em 1939, esse governador o convidaria para integrar o Conselho Administrativo do Estado, função que exerceu até 1943.

Com o falecimento do coronel Felinto Elísio, em 1944, João Medeiros assumiu em definitivo o comando político de sua terra até sua morte, em 19 de novembro de 1970. Vindo a redemocratização do país, em 1945, filiou-se à UDN, ao lado de José Augusto.

Ao lado de Felinto Elísio e outras lideranças seridoenses, João Medeiros ajudou na fundação da cidade de São José do Seridó, em 1919, onde desenvolveu atividades mercantis, e já na década seguinte estreava no ramo varejista algodoeiro, cujo produto era transportado em lombo de burro para o comércio exportador de Campina Grande.

Na década de 1930, adquiriu a Fazenda Seridó, exemplo de administração no agronegócio no Estado e conhecida pelo cultivo de algodão. Em 1936, fundou a firma Medeiros & Cia., se consolidando como principal agente na compra e beneficiamento do algodão. Para isso, fundou a Usina Seridó, na localidade de Jardim do Seridó, e ainda hoje em pleno funcionamento.

Em 1951, os negócios de João Medeiros haviam se expandido de tal maneira que já não permitiam sua permanência em Jardim do Seridó, levando-o a se transferir com a família para Natal. Não obstante isso, semanalmente regressava a sua terra para supervisionar os negócios e as fazendas, onde abriu uma nova vertente: a filantropia. De fato, pouco a pouco, suas propriedades ganharam escolas para os filhos dos empregados mantidas por ele. O cooperativismo também chamou a atenção do operoso empresário, e ali fundou, juntamente com Felinto Elísio, Pedro Izidro de Medeiros e Cícero Patrício de Medeiros a Cooperativa Agrícola.

Com a expansão da atividade algodoeira, João Medeiros resolveu dar um passo adiante, dessa vez em Natal. Em 1967, abriu, nas velhas oficinas da representação da Chevrolet, que ficavam na Avenida Rio Branco, as Confecções Soriedem S. A. Anagrama do seu próprio nome, a fábrica prosperou rapidamente, exigindo mais e mais espaço físico. Em vista disso, em 1971, foi transferida para novas e maiores instalações na BR 101, funcionando até 1994. No terreno, hoje se encontra o Shopping Via Direta, também de propriedade dos filhos de João Medeiros.

Quando o Banco do Nordeste resolveu instalar uma sede em Jardim do Seridó, escolheu o nome de João Medeiros, homenageando-o na data do seu aniversário, em 27 de março de 1973, três anos após o seu falecimento.

Orgulho do povo seridoense, exemplo para o Rio Grande do Norte, João Medeiros permanece como um nome emblemático da família potiguar, um desbravador de caminhos, um empreendedor que gerou riquezas e colheu progresso, bem-estar social e reconhecimento no seu Estado.

Olimpio Maciel
 
 Natal/RN - Brasil,