
Reconstituo, em imaginação, os espaços ensolarados, o perfil das casas humildes, a forma espectral das pessoas interioranas que povoam tranqüilas e displicentes, universo urbano da cidade de MacaÃba do tempo em que eu menino a conheci. Meu avô Olympio Jorge Maciel, é quase uma figura lendária par os meus olhos encantados. Acompanho com amor os movimentos do seu rosto em que há uma profunda sabedoria humana, uma doçura compreensiva de quem conhece as fraquezas do seu semelhante e está disposto a perdoar, uma segurança humilde, uma força moral sem ostentação ou prepotência. Um homem integro de palavra firme, de compromissos invioláveis, amigo dos amigos em quaisquer horas, predisposto ao sacrifÃcio da solidariedade mais indobrável, insubornável, inabalável, na defesa de seus princÃpios e convicções. Vejo-o a me olhar e em seus olhos leio o segredo de todos os mistérios existenciais: a dedicação ao trabalho, a lealdade à famÃlia, a fé espiritual, a personalidade marcante, o caráter afirmativo, a capacidade, disfarçada pelo pudor, de querer bem e de fazer o bem instintamente, mesmo a possÃveis inimigos gratuitos, apenas por respeito e por amor ao próximo. Haverá outro sentido para a vida além daquele que resulta da decisão de assumir um compromisso existencial de dignidade, de indisposição, de valorização complexa e contraditória e, no entanto, sagrada, criativa, grandiosa condição humana?